Entende-se por estrutura uma organização que possui um conjunto ordenado de elementos, onde há uma regra, uma ordem e um princípio de racionalidade.
Cada uma das estruturas clínicas apresenta um discurso, um posicionamento frente à vida, mecanismos de defesa psíquicos, sintomas e sinais característicos quando adoecem ou quando seu desejo se faz presente.
Convém ressaltar que na psicanálise, “o diagnóstico é uma construção não uma classificação”. “O diagnóstico psicanalítico não visa à doença, mas sim o indivíduo e a causa de sua doença”. O tratar psicanalítico considera a função que o sintoma tem para o sujeito. Com o diagnóstico o paciente passaria a pertencer a um determinado grupo, seja o grupo dos deprimidos, dos neuróticos, dos perversos, dos psicóticos, dos adictos, etc.
Para se traçar um prognóstico de tratamento, para poder escolher uma linha de abordagem e localizar a estrutura do sujeito, a psicanálise utiliza-se o recurso da hipótese diagnóstica. Toda escuta durante o processo analítico, visa aprofundar a relação do paciente com a linguagem e o posicionamento simbólico deste frente a questões importantíssimas, como o nascimento, a procriação, a morte, o sexo, a castração, o desejo e a implicação do indivíduo com seu próprio sofrimento.
A psicanálise estuda, reflete e trabalha as hipóteses diagnósticas a partir de três principais grupos. São estruturas de funcionamento da linguagem ou modos de subjetivação e de inscrição do indivíduo no universo simbólico.
E, como a inscrição se faz pela estrutura, a psicanálise aponta para as hipóteses diagnósticas a partir de três principais grupos: NEUROSE, PSICOSE e PERVERSÃO.
PSICOSE: Na estrutura psicótica, o sujeito não encontra uma maneira de usar a mediação adequadamente e toma caminhos incomuns, não aceitos, pelo discurso. Necessariamente não rompe a lei, mas não consegue encontrar a normalidade. Ele fica à deriva em relação ao mundo, ele delira – fica fora da linha, do caminho. A psicose seria então de dois tipos: a paranoia e a esquizofrenia.
PARANOIA: Psicose crônica caracterizada por um delírio mais ou menos sistematizado. Perturbação mental que se caracteriza pela tendência para a interpretação errônea da realidade em consequência da suscetibilidade aguda e da desconfiança extrema do indivíduo. Freud inclui na paranoia não só o delírio de perseguição, como a erotomania, o delírio de ciúme e o delírio de grandeza.
ESQUIZOFRENIA: Perturbação mental caracterizada por comportamento social fora do normal e incapacidade de distinguir o que é ou não real. Entre os sintomas mais comuns estão delírios, pensamento confuso ou pouco claro, alucinações auditivas, diminuição da interação social e da expressão de emoções.
“O neurótico constrói um castelo no ar. O psicótico mora nele”
(Jerome Lawrence).
PERVERSÃO: O sujeito portador de estrutura perversa se dirige ao mundo sem se curvar aos limites da mediação, não abre mão da satisfação e, ao contrário, vai busca-la exatamente onde as leis e o discurso comum indicam que a satisfação está proibida. É o sujeito que tem a satisfação ao romper a lei – o perverso. Ele não faz compromisso, ele toma para si o que quer.
NEUROSE: O indivíduo portador de estrutura neurótica caracteriza-se pelo fato de apresentar algum grau de sofrimento e de desadaptação em alguma, ou mais de uma área importante de sua vida sexual, familiar, profissional ou social, incluído o seu particular estado mental de bem ou mal-estar consigo próprio.
Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise – ABEPP
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