"Ataque dos Cães" (The Power of the Dog, no título original) é um filme de drama e faroeste com roteiro e direção de Jane Campion e inspirado no livro homônimo de Thomas Savage. A trama acompanha dois irmãos vaqueiros bem-sucedidos, Phil e George, que são opostos um do outro. Quando George resolve se casar em segredo com a viúva Rose, Phil implica ainda mais com o irmão e os novos membros da família.
OLHAR SISTÊMICO
As dinâmicas “Eu por você”, “Antes eu do que você, Mamãe” muito bem exaradas na Hellinger Sciencia ficam claras em toda a história da personagem Rose (Kirsten Dunst) e seu filho Peter (Kodi Smit-McPhee) surgindo como salvador da mãe. Expulsando o mal de sua vida. Se transformando em herói.
“Estamos falando aqui dos pequenos heróis que, para manter a mãe e o pai vivos ou para salvar alguém da família, adoecem e morrem em seu lugar...O “Antes eu do que voce” significa....que uma criança (filho) ama seus pais acima de tudo. Por amor, ela é capaz de fazer qualquer coisa pelos pais. Por este amor sacrificar sua inocência, sua saúde, sua vida..Ao fazê-lo se sente boa e grande...” Sofhie Hellinger – livro: A própria felicidade”
Peter de fato mata as próprias possibilidades de cumprir o seu propósito de se tornar aquele que “salva” vidas como médico para se tornar aquele que tira vidas, por amor a sua mãe. O filme sugere que Peter tenha matado o próprio Pai com cordas para novamente salvar a mãe das bebedeiras e distratos dele.
Sim por “amor cego” a mamãe Peter renuncia ao seu propósito, para dar sua vida, para salvar a de sua mãe, que estava se tornando depressiva e alcoólatra por “não dar conta” de lidar com os assédios discretos, eficientes e magistralmente cruéis do cunhado Phil que considerava Rose a aproveitadora que veio tirar o lugar dele ao lado do irmão Goerge (Jesse Lon Plemons).
Peter se torna assassino. Se mata no sentido de abandonar quem deveria se tornar com ética e respeito ao pleito profissional de médico. Isto se compara a dinâmica do “Eu por você, Mamãe”, por entender que sua mãe é incapaz de cuidar de si mesma, então troca de lugar com ela, deslocando-se do seu lugar de origem para se tornar seu cuidador, como se Pai da mãe fosse.
“Morrer pela mãe” aqui deve ser entendido como morte dos próprios sonhos, da própria identidade e direito de ir para a vida, viver sua própria demanda de salvar vidas como médico. Para manter sua mãe frágil e desprovida de salvar a si mesma, inteira, viva e livre dos comportamentos auto-destrutivos, ele desiste de sua ética e moral pautada no respeito ao valor de uma vida, para se tornar um assassino. E o faz sem culpa por boa-consciência para manter a completude do próprio sistema a que pertence. Até matar o possível agressor de outro clã vale, sem recuo, pois o que está em jogo é a manutenção do próprio clã.
Fica claro em toda a obra de Bert Hellinger que quem cuida de quem são os pais que cuidam dos filhos e não o contrário. Pois os pais são grandes e os filhos pequenos. Os pais “Dão e os filhos tomam”. A inversão desta condição constitui uma Desordem nas Leis fundamentais da vida que ordena as relações. Peter está “deslocado” de seu lugar de origem para ser o Pai da Mãe.
O filme inicia denunciando a desordem “Antes eu do que você mamãe” contrariando as Leis do Fluxo da Vida nas relações com a frase:
“Quando meu pai morreu, eu só queria a felicidade de minha mãe! Que tipo de homem eu seria se não SALVASSE a minha mãe?”
Peter ler esta passagem da Biblia:
“Livra a minha vida da espada, minha querida, do poder dos cães”.
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